Ministro atendeu a pedido da PGR, que apontou indícios de corrupção passiva e caixa dois. Suspeitas são de que empresa pagou até R$ 58 milhões ao ex-ministro e ao PSD. O ex-ministro Gilberto KassabWalterson Rosa/FramePhoto/Estadão ConteúdoO ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quinta-feira (16) o envio para a Justiça Eleitoral de São Paulo de inquérito que apura se o ex-ministro Gilberto Kassab e o PSD, partido fundado por ele, receberam da J&F repasses de até R$ 58 milhões.Em dezembro do ano passado, Kassab foi alvo de buscas autorizadas por Moraes em razão das suspeitas envolvendo a J&F, relatadas em delações premiadas de executivos da empresa.As suspeitas são de corrupção passiva e ocultação de informações na prestação de contas, o chamado caixa dois.Moraes atendeu a pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. Ela entendeu que, no caso, deve ser cumprida a decisão tomada em março pelo plenário do Supremo, que considerou que crime comum, como corrupção, se cometido junto com crime eleitoral, como caixa dois, deve ser analisado pela Justiça Eleitoral.Segundo a procuradora, o caso ainda está em fase de análise das provas coletadas. Ela mencionou que a quebra de sigilo telefônico, por exemplo, ainda precisa ser detalhada para análise de todos os registros de chamadas. Dodge afirmou porém que, como Kassab não é mais ministro de Estado, o caso não deveria ficar no Supremo.Alexandre de Moraes concordou que a análise das provas deverá ser conduzida por um juiz eleitoral. "Será competência da Justiça Eleitoral apreciar a matéria, conforme definido em recente julgamento desta Corte Suprema, (...) onde foi mantida sua competência para julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe foram conexos", disse o ministro na decisão.Kassab chegou a pedir o arquivamento do caso, mas o ministro rejeitou. Para ele, "não é o momento procedimental adequado para a análise do pedido de arquivamento realizado pelo investigado".
G1