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Cinco anos do misterioso assassinato do radialista Ivonaldo Batista em Itamaraju

Por Teixeira Hoje em 24/07/2020 às 17:25:30

Completa nesta sexta-feira (24/07/2020), exatamente 5 anos do assassinato do radialista Ivonaldo Batista e até então a polícia ainda não conseguiu promover uma explicação sobre a motivação do crime e nem tão pouco apontar os autores do assassinato. Como Ivonaldo Batista era evangélico e homem de conduta ilibada, inúmeras hipóteses já foram levantadas para tentar descobrir o que levou alguém lhe disparar certeiramente 11 tiros, e até a hipótese de ter sido morto por engano já foi cogitada, mas 5 anos depois do crime ainda não se conhece os motivos que levaram a sua morte tão bárbara, embora, a linha mais cogitada pela polícia judiciária é que ele tenha sido assassinado por um aluno, menor de idade, que chegou a ser apreendido na época.

Um ano após o assassinato do jornalista Gel Lopes, na vizinha cidade de Teixeira de Freitas, em Itamaraju, o radialista Ivonaldo Batista dos Santos, 48 anos na época, apresentador do programa jornalístico "Bom Dia Cidade" das 07h às 08 horas pela Rádio Extremo Sul AM, 830 KHZ, professor universitário e também servidor público da Câmara Municipal há 18 anos, foi assassinado com 11 tiros por volta das 19h30 de sexta-feira do dia 24 de julho de 2015, no portão do Colégio Modelo Luiz Eduardo Magalhães, na Rua Irmãos Andrada, no bairro Jaqueira, em Itamaraju.

Ivonaldo Batista teria ido no início da noite para se matricular numa pós-graduação da UNEB que funciona no Colégio Modelo Luiz Eduardo Magalhães, no qual colégio também já tinha sido professor do ensino médio. Mas durante a matrícula teria descoberto que havia esquecido as fotografias e então ligou para um mototaxista conhecido, que fosse à sua casa na Rua Santa Catarina, no centro da cidade alta, buscar as fotografias com sua esposa e as levasse para ele no Colégio. Enquanto isso, ele ficou na frente da escola sentado em um banco falando ao celular, mas com a chegada do mototaxista ele teria ido ao portão da escola buscar a encomenda nas mãos do motoqueiro.

Ao receber as fotografias das mãos do mototaxista, tirou uma nota de R$ 50,00 para pagar a corrida e tão logo recebeu os R$ 45,00 de troco, um indivíduo negro e magro que chegara sobre a garupa de uma bicicleta, se aproximou e do lado do mototaxista, disparou o primeiro tiro contra o olho direito do radialista que caiu imediatamente. Daí o mesmo homem disparou mais 5 tiros contra a vítima no chão, depois ele sacou de uma segunda arma e disparou mais 6 tiros. O radialista foi morto além do tiro no olho direito, com mais 5 tiros no braço esquerdo, três na perna esquerda e dois no abdômen.

Após a execução o atirador montou na garupa da bicicleta conduzida por um segundo elemento. Eles desceram em direção à BA-489 e curvaram à direita em direção ao trevo e quase foram atropelados por uma motorista que se surpreendeu com os matadores que surgiram de uma vez na sua mão de direção. Mas os criminosos não "vazaram" o Trevo da Jaqueira, na sequência eles desceram à esquerda pela Rua da Cerâmica em direção à Rua Lomanto Junior, de onde não foram mais vistos.

Pelos projéteis extraídos do corpo do radialista, o assassino usou dois revólveres calibre 38. Ao lado do corpo foi detectado um tiro contra o piso da alameda da escola, caracterizando que o matador descarregou as duas armas, disparando 12 tiros contra a vítima, acertando onze. Inicialmente ficou claro para a polícia que o homicídio foi uma execução clássica, porque os matadores esperaram o momento que o vigilante saísse da guarita do portão em direção ao interior da escola para que eles se aproximassem e promovessem os disparos contra o radialista.

Por ocasião da sua morte se procurou um motivo que pudesse ter levado a uma razão capaz de tirar sua vida, mais a sociedade não encontrou. Para os colegas de profissão de Ivonaldo Batista, tantos professores, quanto os radialistas, bem como seus familiares, a não elucidação do crime é uma decepção muito grande com o Estado e, só resta a dor e a saudade. Como Ivonaldo Batista era evangélico e homem de conduta ilibada, inúmeras hipóteses foram levantadas para tentar descobrir o que levou alguém lhe disparar certeiramente 11 tiros, contudo, a hipótese mais levantada sempre foi "morte por engano".

Em julho de 2018, três anos depois do crime, a Polícia Civil de Itamaraju concluiu como não tendo dúvidas que o radialista Ivonaldo Batista morreu por engano e só foi executado, porque estava na hora errada e no lugar errado. Ele tinha o mesmo porte físico e as características parecidas com as do vigilante da escola e no dia do crime, usava uma camisa com detalhes reflexivos que confundia com a farda do vigilante. Tanto que tão logo ocorreu o assassinato, o vigilante que também era taxista e uma pessoa de família tradicional, nascida e criada na cidade, teve que abandonar o posto de trabalho e a praça de táxi, tendo sido obrigado inclusive a se mudar de país.

Hoje, 5 anos depois do crime, a Polícia Civil tem outra interpretação, acredita-se que o autor da morte do radialista Ivonaldo Batista foi realmente aquele adolescente, que foi seu aluno, com quem tivera uma desavença na escola por causa da reprovação de uma matéria escolar, cujo menor chegou a ser apreendido na ocasião e um irmão dele que era acusado de tráfico de drogas em Itabela também chegou a ser suspeito de participação no crime, mas o adolescente negou tudo e nenhuma prova material conseguiu se colher na ocasião para que fosse possível municiar a Polícia Civil para esclarecer o caso com as devidas evidências, palpáveis e sólidas.


Outros casos


Ivan Rocha - O primeiro caso de profissional de imprensa abatido na região extremo sul da Bahia foi o jornalista e radialista Ivan dos Santos Rocha, que desapareceu na noite do dia 21 de abril de 1991, aos 32 anos de idade, na cidade de Teixeira de Freitas, depois de ter prometido em seu programa "A voz de Ivan Rocha", pela Rádio Alvorada AM, 990 KHZ, que entregaria ao desembargador Mário Augusto Albiani Alves, então presidente do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, que visitaria à cidade no dia seguinte, um dossiê sobre o crime organizado com os nomes de policiais e políticos envolvidos num grupo de extermínio na região.

Ronaldo Santana - No dia 9 de outubro de 1997, na cidade de Eunápolis foi a vez do radialista Ronaldo Santana de Araújo ter sido assassinado com quatro tiros logo após ter saído da sua casa na Rua do Oeste, no bairro Gusmão. Ao acessar à Rua Duque de Caxias, por volta das 06h da manhã, quando se dirigia com seu filho, Márcio Alan, menor de idade da época, até à Rádio Jornal AM, onde apresentaria o seu programa jornalístico todas as manhãs, foi alvejado a tiros. Morreu poucas horas depois no hospital.

Gel Lopes - O radialista e jornalista Jeolino Xavier Lopes, o "Gel Lopes", 44 anos na época, um repórter de rádio bastante popular e ex-vereador do município de Teixeira de Freitas, foi abatido com 6 tiros por volta das 21h15 de quinta-feira do dia 27 de fevereiro de 2014, no interior do seu veículo, um Volkswagen modelo Voyage, cor verde, plotado com a marca do seu portal de notícias. O crime ocorreu em frente ao prédio de nº 348 da Rua da Saudade, no bairro Bela Vista, numa região central de Teixeira de Freitas, onde teria ido deixar em casa, o colega repórter esportivo Djalma Ferreira, 72 anos na ocasião. A sua namorada Daniele Ferreira dos Santos, 25 anos, que estava no banco traseiro, acabou ferida na perna direita por um projétil de arma de fogo.

Ivonaldo Batista - Os casos Ivan Rocha, Ronaldo Santana, Gel Lopes e Ivonaldo Batista são símbolos de um passado ainda muito presente, que volta e meia reaparece na voz dos defensores dos direitos humanos em sua luta pelo fim da impunidade. O caso Ivonaldo Batista é um dos mais emblemáticos da crônica policial brasileira. Muito embora ele seja lembrado com todas as honras possíveis, mas a realidade como o caso encerra, é vergonhosa e reveladora do descaso para com a sorte daqueles que, por inconformismo ou idealismo, se insurgem contra as posturas autoritárias e bárbaras dos poderosos de plantão. O maior tributo à memória deste bravo profissional de imprensa é não deixar que a sua luta tenha sido em vão. É tornar a sua história conhecida e não permitir que aqueles que lhe abreviaram a existência detenham ao poder.