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É justo?

Ataques de Pitbull levantam debates sobre proibição da raça no Brasil


Nos últimos dias, ataques de Pitbull contra pessoas chamaram atenção e promoveram debates nas redes sociais sobre a criação de cachorros da raça e a convivência deles em sociedade. Para compreender as características dos cães, o Portal A TARDE entrou em contato com especialistas e donos com o objetivo de informar e desmistificar questões que estão relacionadas à força, criação e temperamento dos animais.

Conhecido também como American Pit Bull Terrier, o cão é resultado de um cruzamento entre Bulls e Terriers. Mesmo sem registros oficiais, muitos acreditam que a origem da raça se deu no Reino Unido. Inicialmente, eles foram criados exclusivamente para lutar com outros animais, o que explica a grande força que a mordida desses cachorros pode alcançar.

O médico veterinário e adestrador Rafael Macedo explica que cães da raça Pitbull realmente possuem um grande ímpeto agressivo. Ele acredita que essa característica faz parte da raça por consequência da forma que os cachorros eram utilizados pelos seus donos, dando maior importância para a criação do animal.

"Lembrando que o Pitbull é um cão que tem um poderio muito grande, é um cachorro muito forte, porque eram cães que eram utilizados antes para demonstrações de força durante rinhas, cães que têm uma aptidão muito grande para essa parte da agressão, por ser um cão que tem cães que tem um drive muito alto, quando eu digo drive eu quero dizer ímpeto, vontade, impulso muito forte, então além de ser um cão forte, que tem um impulso muito forte, eles eram utilizados dessa forma, de maneira errônea", conta.

Mesmo chamando atenção pelo seu porte físico musculoso, o Pitbull também costuma ser carinhoso, dócil, leal e inteligente. A raça tem como característica se aproximar e ter uma convivência cuidadosa com as crianças, ganhando até o apelido de "cão babá".

"A criação tem total influência na prevenção dos ataques de Pitbull, eu acredito que 90% dos Pitbulls já nascem totalmente dóceis, esses 10% eu costumo dizer que são frutos de um desequilíbrio de manejo, de criação desses animais, que faz com que o cão acabe tendo uma falta de socialização", explica Rafael.

Com uma expectativa de vida de 14 anos, cães da raça Pitbull são cercados de polêmicas, mas nem todas são verdadeiras. Rafael Macedo explica que a maioria das raças são resultados de cruzamentos genéticos e que isso não está diretamente relacionado ao comportamento agressivo que os cães podem apresentar.

"A maioria das raças em si são o cruzamento de outras raças, então, a modificação do comportamento do animal, do temperamento do animal, não está diretamente relacionada com o comportamento agressivo. Então, sabendo que nós temos cães que são o cruzamento de diversas raças, isso não é o que afeta diretamente o comportamento do cão", aponta.

Mesmo assim, Rafael Macedo não descarta a possibilidade de acidentes com cães treinados.

"É possível sim que um cão é adestrado, que respeita critérios estabelecidos, que possa ser que aconteça um ataque desde que seja um cão que tenha um erro de criação depois, ou seja um cão que seja realmente adestrado para fazer guarda e proteção, e aí você entrar na casa desse cachorro e esse cachorro agredir a pessoa porque ele foi treinado para isso, mas assim, basicamente voltado para essa questão de guarda territorial, guarda pessoal, seriam cães que por serem adestrados dificilmente aconteceria a troco de nada", revela.

Ataques recentes e legislação

Nos últimos dias, casos envolvendo ataques de Pitbull tomaram conta do noticiário nacional. A escritora Roseana Murray, de 73 anos, foi vítima de três cães no último dia 5, tendo o braço e a orelha arrancados pelos animais. Ela foi socorrida para o hospital e ficou internada em estado grave.

A escritora, que foi arrastada pelos cães por cerca de 5 metros, segue internada e sem previsão de alta. Ela se manifestou pelo Instagram neste sábado, 13, agradecendo a equipe médica e afirmando que está bem. Neste momento, ela está sendo acompanhada por uma equipe com neurocirurgião, cirurgião geral, cirurgião plástico, cirurgião bucomaxilofacial, ortopedista e fisioterapeuta.

Identificados como Kayky da Conceição Dantas Pinheiro, Ana Beatriz da Conceição Dantas Pinheiro e Davidson Ribeiro dos Santos, os donos foram presos no dia 7 de abril, mas tiveram a liberdade concedida pela Justiça do Rio de Janeiro quatro dias depois.

Neste domingo, 14, outro caso envolvendo ataque de Pitbull foi registrado, desta vez em Mogi Mirim, no interior de São Paulo. Um homem de 30 anos morreu após ser mordido pelo próprio cachorro. Segundo a polícia, a vítima estava tendo uma crise convulsiva no momento do ataque.

O Pitbull foi morto pelo vizinho, que era guarda civil municipal e atirou para tirar o animal de perto da vítima. De acordo com o boletim de ocorrência, a família do homem não conseguiu se aproximar do animal para acabar com o ataque.

Com o objetivo de garantir a segurança pública e reduzir os ataques de cães, o estado do Rio de Janeiro aprovou em 2005 uma lei que proíbe a circulação de cães da raça Pitbull soltos pelas ruas. A medida determina também que apenas adultos com capacidade física e psicológica comprovada podem conduzir esses animais. Outras raças, como Fila, Doberman e Rottweiler também foram impactadas pela lei.

No Rio de Janeiro e em São Paulo também existe a determinação de que cachorros de grande porte devem utilizar focinheira e enforcadores enquanto estiverem em locais públicos. Regiões de países como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e Espanha também possuem restrições contra animais considerados "ferozes".

Diante da possibilidade de acidentes envolvendo cães de grande porte, o médico veterinário e adestrador Rafael Macedo explica que é necessário tomar alguns cuidados e saber como se defender em caso de ataques.

"O que deve ser feito é você causar uma leve constrição no pescoço do animal, como se você estivesse realmente tentando desmaiar, então você usa uma guia, usa a própria coleira, só evita usar o próprio braço, mas sempre usa alguma forma, com algum auxílio, com algum objeto, para poder tentar causar uma leve constrição, para fazer com que o animal perca um pouco das forças, perca um pouco da noção", ensina.

"A grande diferença real é que o pitbull é um cachorro muito forte, com uma resistência muito maior, então o protocolo vai ser muito mais vantajoso para ele, porque ele é um cachorro que dificilmente ele vai soltar, dificilmente ele vai perder aquele impulso e aquela vontade", complementa.

A raça Pitbull deveria ser proibida no Brasil?

Cães da raça Pitbull são banidos ou possuem restrições em cerca de 24 países, como Reino Unido, Espanha, Rússia, Argentina, Itália e Nova Zelândia, por exemplo. Por isso, é comum que após uma sequência de ataques contra humanos, questionamentos sobre a proibição no Brasil sejam realizados. O assunto foi abordado nas redes sociais nos últimos dias.

Mascote da família, a Pitbull Nina é totalmente dócil. Em entrevista ao Portal A TARDE, Simone Costa revelou que tem a melhor experiência possível com a cachorra. O pet teve uma filhote que recebeu o nome de Sophia, que também vive na casa.

"Minha experiência com pitbull é a melhor possível. Conviver com mãe e filha, duas princesas, dois animais totalmente dóceis. Uma energia que acolhia qualquer outro animal que chegasse perto delas. Convivendo com gato, convivendo com pássaros e nenhum problema entre eles. A energia dos animais é muito boa, dessas cadelas é muito boa", afirma.

Ela destacou que conhece as leis sobre as utilizações de enforcador e focinheira nos cães, mas reforçou a importância de dar uma boa criação, para evitar que os cachorros fiquem agressivos na fase adulta.

"A criação é fundamental para poder alcançar um caráter dócil nesses animais. Eles são animais de personalidade forte, de gênero forte. Então, se eles estiverem com pessoas que querem fazer cães de briga, estiverem com pessoas que são agressivas dentro de casa, claro que esses animais vão ser agressivos também. Então, a criação é quem vai dizer o animal que aqueles filhotinhos se tornará".

Para a tutora, a ideia de proibição da raça no Brasil não deve ser levada a sério. Simone Costa acredita que é importante que leis para a proteção humana e convivência de cães da raça Pitbull em sociedade sejam cumpridas.

"Eu não acho viável, não acho justo a proibição da raça, mas eu acho justo que criassem novas regras, leis que sejam cumpridas realmente, coisa que é difícil no nosso país. Leis que sejam punidas no caso, se não forem cumpridas, que tenha punição realmente, para que se tenha mais segurança, até mesmo para os animais. Porque tem pessoas que criam os animais que não têm nenhuma capacidade para isso", destaca.

"Eu tenho muitos anos trabalhando e acredito que 90% dos cães, dos Pitbulls, eles já nascem 100% dóceis, o que estraga os outros 10% é o que eu falei anteriormente, uma falta de manejo equilibrado na criação do cão. Isso acaba afetando diretamente o comportamento do mesmo com outras pessoas, com outros animais em algumas situações que as pessoas deveriam ter mais controle e acabam não tendo", explica o veterinário e adestrador Rafael Macedo.

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