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Estádio da final da Champions já foi palco de virada épica em decisão entre ingleses e italianos

Dezoito anos depois de sediar uma das finais mais memoráveis da história da Liga dos Campeões da Europa, o estádio Olímpico Atatürk, em Istambul, voltará a receber o duelo que coroará o grande campeão do Velho Continente.

Por Redação em 10/06/2023 às 12:10:44

Dezoito anos depois de sediar uma das finais mais memoráveis da história da Liga dos Campeões da Europa, o estádio Olímpico Atatürk, em Istambul, voltará a receber o duelo que coroará o grande campeão do Velho Continente. O reencontro era para ter acontecido antes, mas por duas vezes seguidas (em 2020 e 2022) a pandemia da Covid-19 levou a Uefa a mudar o local da decisão. Na primeira vez, Lisboa foi sede das quartas de finais em diante, em confrontos sem torcida. No ano seguinte, a capital turca estava na lista vermelha para viajantes do Reino Unido — e a final envolveu dois clubes ingleses, Chelsea e Manchester City, que jogaram no estádio do Dragão, em Porto. A espera finalmente terminará neste sábado, 10: a partir das 16h (de Brasília), a arena que costuma abrigar a seleção da Turquia receberá a partida entre o City, em busca do título que deixou escapar há dois anos, e a Inter de Milão.

Está será a segunda final de Champions que terá o Atatürk como palco. Curiosamente, a primeira também envolveu um time inglês e um italiano. Em 2005, um esquadrão do Milan buscava a sexta estrela contra um Liverpool que não conquistava a Europa havia 21 anos. Gerrard era a estrela que liderava uma equipe com bons coadjuvantes como Xabi Alonso e Luis Garcia. Do outro lado, a escalação impunha respeito: os pentacampeões mundiais Dida, Cafu e Kaká, o holandês Seedorf , o matador argentino Hernán Crespo, o maestro Andrea Pirlo e o zagueiro italiano Paolo Maldini, uma bandeira rossonera, estavam entre os craques do gigante de Milão.

Arrasador no primeiro tempo, o Milan foi para o intervalo com vantagem de 3 a 0. Maldini abriu o placar antes do relógio completar o primeiro minuto, pegando de primeira após cobrança de falta de Pirlo. Em jornada inspirada, Kaká mostrou que era um dos principais jogadores do mundo naquele ano e teve participação decisiva nos outros dois gols milanistas, ambos marcados por Crespo. Parecia decidido, mas tudo mudou em um espaço de apenas 360 segundos. Entre o 8º e o 14º minuto do segundo tempo, o Liverpool empatou com Gerrard (cabeça), Smicer (de fora da área) e Xabi Alonso (no rebote de um pênalti defendido por Dida), para espanto dos 70 mil torcedores presentes no Atatürk. Nos pênaltis, Serginho isolou, Dudek brilhou nas cobranças de Pirlo e Shevchenko, e os Reds findaram jejum de quase duas décadas.

Em evento recente promovido pela Uefa, do qual também participou Cafu, Steven Gerrard recordou o que disse o técnico espanhol Rafa Benítez no intervalo “Rafa falou: ‘Ouçam os torcedores. Valorize-os’. Ele ficou calmo no vestiário. Chamou a atenção de todos, falou com clareza e fez algumas alterações. Dietmar Hamann foi a substituição chave porque nos permitiu ser mais agressivos para voltar ao jogo”, contou o ídolo do Liverpool, referindo-se à entada do meio-campista alemão no lugar de Finnan. Já o lateral brasileiro revisitou com dor a derrota após um “impecável” primeiro tempo “Entramos calmamente no vestiário, e eu pensei: ‘Acho que chegou a minha hora de vencer a Liga dos Campeões’. Voltamos para o segundo tempo. Eles reduziram: 3 a 1. Um pouco depois, 3 a 2. Quando o Liverpool marcou o segundo gol, nosso time começou a pensar: ‘Ei, é melhor nos prepararmos porque eles são perigosos’. O Liverpool então empatou o jogo em 3 a 3”, lembrou Cafu. “Shevchenko teve uma chance no último minuto. O goleiro abriu os braços e a bola bateu no peito. Eu apenas pensei: ‘Não vamos vencer o Liverpool esta noite’.” Cafu só ganharia a Champions dois anos depois, em novo duelo com os Reds, disputado em Atenas.

Quase duas décadas após do inesquecível confronto que ficou conhecido como “Milagre de Istambul”, os papéis se invertem entre italianos e ingleses. Desta vez, quem tem uma constelação é a equipe britânica. De Bruyne, Haaland, Bernardo Silva e grande elenco esperam dar ao City a primeira Champions de sua história. O time de Milão, que na semifinal bateu o grande rival e o impediu de regressar à capital turca, chega como azarão, tal qual o Liverpool de 2005. “As probabilidades não estão a nosso favor, mas é isso que torna o futebol tão emocionante. Vamos jogar contra uma das equipas mais fortes do mundo, que tem um treinador que todos conhecemos bem. Guardiola criou um legado com a sua forma de encarar o futebol e o seu estilo de jogo, que vem desde o Barcelona. É justo considerá-lo um dos melhores treinadores do mundo”, elogiou Simone Inzaghi, técnico da Inter.

A família Inzagui, aliás, já tem laços com Istambul, apesar de a memória não ser tão agradável. Simone é irmão de Filippo Inzaghi, histórico jogador do Milan que fazia parte do elenco rossonero em 2005. Pippo, como era chamado o matador milanista, estava em Istambul naquele 25 de maio de 18 anos atrás, mas viu das tribunas seus companheiros sucumbirem no segundo tempo. Uma lesão o tirou da grande decisão. “Não pude ajudar meus companheiros a evitar a derrota naquela noite. Foi frustrante”, ainda se remói Filippo. Se com a bola nos pés quem teve uma carreira badalada foi o filho mais velho de Giancarlo Inzaghi, hoje os holofotes estão em cima do técnico da Inter — Pippo também é treinador, mas dirige o pequeno Reggina, da segunda divisão italiana. Como destacou o site da Uefa, entidade que rege o futebol europeu, Simone terá hoje “a oportunidade de criar memórias mais felizes da capital turca para a família Inzaghi”.

Jogadores do Liverpool comemoram o título da Champions de 2005

Jogadores do Liverpool comemoram o título da Champions de 2005 (FRANCOIS MARIT/AFP – 25/05/2005)

FICHA TÉCNICA DO JOGO DE 2005

Milan 3 x 3 Liverpool (3 a 2 nos pênaltis)
Data: 25 de maio de 2005
Local: Estádio Ataürk, em Istambul (Turquia)
Público: 70 mil espectadores

Milan: Dida; Cafu, Stam, Nesta e Maldini; Gattuso (Rui Costa), Pirlo, Seedorf (Serginho) e Kaká; Crespo (Tomasson) e Shevchenko
Técnico: Carlo Ancelotti

Liverpool: Dudek; Finnan (Hamman), Carragher, Hyypia e Traoré; Xabi Alonso, Gerrard, Riise e Luis Garcia; Kewell (Smicer) e Baros (Cisseé)
Técnico: Rafa Benítez

Árbitro: Manuel Enrique Mejuto Gonzalez (ESP)
Auxiliares: Oscar Martínez Samaniego e Clemente Ayete Plou (ESP)
Cartões amarelos: Carragher e Baros (Liverpool)
Gols: Maldini (1′) e Crespo (38′ e 42′) no primeiro tempo; Gerrard (8′), Smicer (10′) e Alonso (14′) no segundo tempo

Pênaltis

Milan

  • Serginho (por cima)
  • Pirlo (Dudek pegou)
  • Tomasson (gol)
  • Kaká (gol)
  • Shevchenko (Dudek pegou)

Liverpool

  • Hamman (gol)
  • Cissé (gol)
  • Riise (Dida pegou)
  • Smicer (gol)

Relembre como foi o título do Liverpool em 2005